Tem Lixo no Banheiro!

Encarar as portas e gavetas do banheiro foi mais desafiador do que podia imaginar.

O que é que tem no seu banheiro?

O nosso tem tanto “lixo” que este será apenas o primeiro post de uma série, ou não seria saga: “A Limpeza do Banheiro”.

Acredito que o tamanho interfere no tanto de coisas que colocamos nele. Quanto maior, pior. Moramos num apartamento antigo, construído numa época onde a família compartilhava deste aposento – diferente de hoje, onde cada quarto é praticamente uma suíte. Portanto, temos apenas um banheiro.

Em compensação, nosso banheiro é enorme! Consequentemente, nesta fase de remoção e redução de lixo, eis um grande desafio.

Dentro do banheiro guardamos as toalhas, estoques de papel higiênico, produtos de higiene, remédios, maleta de maquiagem... E por aí vai. Na bancada temos três bandejas para facilitar o dia-a-dia: a minha, a do Paulo e uma para as crianças.

É coisa! É tanta tralha que te convido a repensar comigo suas verdadeiras necessidades.

Para ter um banheiro “sem lixo” comece a avaliar as mil e uma ofertas que chegam até você diariamente. Somos literalmente bombardeados pela indústria que trabalha 24/7 para nos vender o melhor shampoo, o condicionador mais eficiente, sabonetes antibacterianos, antiacne; creme para os olhos, hidratante para o rosto, outro para o corpo, creme auto-bronzeador, pomada para espinhas, pomada anti-envelhecimento.

Tônico adstringente. Lencinhos demaquilantes. Protetor solar (para o corpo e para o rosto – são diferentes!), desodorantes. Creme para pentear o cabelo, spray fixador, gel modelador... Escovas (vários modelos), pentes (também), Secador de cabelo, chapinha... Gilete, espuma para barbear, Barbeador. Ah! Tem a saúde bucal... Escovas de dentes, fio-dental, fita dental (prefiro!), flúor, creme dental (anti-açúcar, para dentes sensíveis, branqueador, hálito fresco... Acredite, nós já chegamos a ter mais de quatro, em uso... Um para cada coisa).

Meu... Se você for parecido comigo, seu banheiro deve ter isso tudo e mais um pouco, porque eu ainda não falei da caixa de remédios, a caixinha de esmaltes, nem da maleta de maquiagem (aff!).

Será mesmo que precisamos disso tudo?

Vale a pena repensar e começar a recusar. Já estamos no processo aqui em casa. Neste momento decidimos usar tudo o que temos, não vamos comprar nada novo até terminar!

Ah! Detalhe: as próximas compras envolverão menos plástico, evitarão produtos que não respeitam a natureza e são de difícil descarte. Aguarde... Mudanças estão acontecendo.

Não Obrigada!

O comportamento na rua precisa ser coerente com a mudança que desejamos ver dentro de casa!

O primeiro e maior filtro para uma casa sem lixo é ativado na rua. Quando estamos fora de casa temos o poder de decidir o que levaremos para dentro dela, da bolsa e até mesmo das latas de lixo que encontramos no caminho.

Nosso comportamento na rua precisa ser coerente com a mudança que desejamos ver dentro de casa.

Recusar parece radical demais numa sociedade expert em desperdício, que corre sem parar e ainda assim não tem tempo pra nada. Mas, é sem dúvida o primeiro grande passo para esta mudança.

Como tenho me comportado fora de casa? O que preciso recusar?

Seguem aqui algumas dicas que nossa família está se esforçando para colocar em prática. Uma lista de coisas e comportamentos a serem recusados:

COPOS PLÁSTICOS – Escolha lugares que disponham de copos de vidro ou metal. São atóxicos e reutilizáveis. Tá com pressa? Use o seu copo e, siga em frente. Esqueceu em casa? Segure as pontas. Sua sede, ou desejo, terá de esperar.

CANUDINHOS PLÁSTICOS – Desnecessários. Tome diretamente no copo (de metal ou vidro). Ah! Mas eu tô com pressa... Temos algumas opções: 1) Use o seu copo pessoal para viagem. (Esqueci de trazer...) 2) Faça uma pausa. Sente. Viva o momento e beba o seu desejado líquido sem stress no local que você escolheu. (Ah! Não vai dar, não tenho tempo mesmo!) 3) Que pena... Vai ter que ficar pra outra hora.

PRATOS E TALHERES DESCARTÁVEIS – Mesmo raciocínio do COPO PLÁSTICO.

GUARDANAPOS DE PAPEL – Esse é difícil! Escolha lugares que usem de pano. Ou, tenha um pessoal sempre à mão (na bolsa). Ele terá outras utilidades, acredite!

LENCINHO DE PAPEL – Lembra daquele lencinho de bolso do seu pai? É hora de matar a saudade! Peça a ele um de presente (ele deve ter mais de um). Ou, use o seu guardanapo de pano (muitas utilidades, lembra?).

SACOLAS DESCARTÁVEIS – Desnecessárias também! Ecobags ou sacolas reutilizáveis são itens obrigatórios para uma casa (vida) sem lixo.

FOLHETOS, FOLDERS, REVISTINHA DE PROMOÇÕES – Não, obrigada! Simples assim.

EMBALAGENS – Evite consumir comidas e bebidas industrializadas... GARAFINHAS, LATAS, SAQUINHOS, BALAS, CHICLETES, etc... Não, obrigada! Organize seu tempo. Planeje. Assim, quando a fome chegar você terá opções trazidas de casa, ou tempo suficiente para comer num local que esteja de acordo com as dicas acima.

COMPRAS – Entre numa loja, supermercado ou shopping somente quando você realmente precisar comprar alguma coisa - de verdade! E pense bem se essa "coisa" respeita o planeta e a decisão tomada por menos desperdício. Caso contrário: Não, Obrigada! “O que os olhos não veem o coração não sente.” Acho que essa é uma das poucas situações onde esse ditado se aplica.

Devo estar esquecendo de muitas dicas... Mas estamos começando, né?

Vamos com calma.

Devagar e sempre...

Um passo de cada vez.

Desperdício Zero?

Seria pura utopia? Como minimizar o desperdício do dia a dia?

Desperdício Zero é uma filosofia do século 21. Inclui a "reciclagem", mas vai além dela, ao adotar um "sistema completo" para o vasto fluxo de recursos e desperdícios da sociedade humana: maximizando a reciclagem, minimizando o desperdício, reduzindo o consumo ao reforçar que os produtos são feitos para serem reutilizados, reparados ou reciclados de volta para a natureza ou para o mercado.

Essa seria uma visão geral.

No livro "Zero Waste Home", da autora Bea Johnson, é possível entender essa linha de pensamento de uma forma simplificada pelo triangulo dos 5Rs:

Recuse (refuse) – tudo o que pode se transformar em lixo

Reduza (reduce) – todo o excesso

Reutilize (reuse) – tudo o que é possível reutilizar

Recicle (recycle) – tudo o que foi necessário adquirir

Composte (rot) – tudo que for compostável

Detalhe: é preciso obedecer a ordem.

Sei que este estilo de vida pode soar como pura utopia. Afinal, vivemos numa sociedade onde o lucro e o poder daqueles que o geram fala mais alto. Ao mesmo tempo, não podemos mais ignorar o quanto o consumo desenfreado tem afetado nossa casa maior, a Terra.

Por isso decidimos, como família, que vale a pena tentar. Temos uma causa maior diante de nós. Maior que as urgências do hoje, maior que nossa falta de tempo. Muito maior! Além do mais, estamos educando dois seres humanos que, entre tantas coisas, precisam aprender que é mais importante ser do que ter.

"Abençoados são vocês, que se contentam com o que são - nem mais, nem menos. Assim, vocês se verão como os orgulhosos donos de tudo que não pode ser comprado." Bíblia - Mateus 5.5 (A Mensagem)

Granel

Comprar a quantidade de acordo com a sua necessidade é muito legal!

Uma das coisas que tenho aprendido nos últimos meses é comprar a granel.

Porque a granel?

Bom, primeiro é importante encontrar um fornecedor seguro, de confiança, limpo. Segundo, você pode comprar a quantidade de acordo com a sua necessidade. Terceiro, é possível adquirir os produtos que você deseja sem gerar nenhum lixo.

Como? Você leva os seus potinhos ou saquinhos de pano de casa e preenche com os itens que escolher.

Perto da nossa casa tem um lugar bem legal (assunto para mais um post). Como já sou cliente há um tempo, tomei a liberdade de conversar com a proprietária e perguntar se poderia trazer meus potinhos pois queria produzir menos lixo. Ela super topou! Inclusive concordou que além de ser bom pra mim e para o meio-ambiente, seria bom para o negócio dela, gastando menos saquinhos plásticos!

Em pleno Janeiro, estamos em clima de férias... Semana passada, visitando uma praia linda do litoral catarinense, fomos surpreendidos pelo Supermercado de Angelina, que dispõe de muitas opções a granel. Se você passar por Itajaí ou Balneário Camboriú, mais especificamente, na Praia Brava, vale a pena conferir. Confira o site deles aqui.

Há esperança para o nosso planeta!

Pontinho Amarelo

Trânsito complicado, crianças impacientes no carro, piadas e interessantes constatações...

A família estava dentro do carro, voltando das férias. Com o trânsito complicado na estrada (acidentes, reforma na pista, etc.) as crianças ficam suuuper impacientes. O jeito é brincar!

Na hora da contação de piadas, meu marido perguntou: "O que é um pontinho amarelo em cima da porta?" Hum... Ninguém sabia e ele mesmo respondei: "Um fandangos! Kkkkk..."

Após uma gargalhada gostosa de quem já não estava mais tão entediado, Theo perguntou: "O que é um fandangos?"

Ai como eu amei ouvir aquela pergunta! Meu filho de 6 anos não sabia o que era Fandangos!

Se você também não sabe o que é isso, parabéns! Não está perdendo nada.

Fandangos é o nome de um salgadinho "de milho", cheio de corantes, sódio... e nenhum valor nutricional. Comi muito nos passeios de escola na minha infância (éca!), porque eram os únicos momentos que meus pais permitiam que a gente escolhesse o que levar. No lanche do dia-a-dia isso não era permitido.

A experiência vivida neste último domingo mais uma vez me levou a refletir no tipo de lixo que estamos comprando, ingerindo e descartando. No caso dos "salgadinhos" e os tentadores fast-foods, em geral, são nutricionalmente pobres e produzem um lixo absurdo dentro do nosso corpo e fora dele.

O que fazer com tantos saquinhos, copinhos, caixinhas, canudinhos...?

Voltando na piada do Pontinho Amarelo... Bem que podia ser um milho de verdade, né? 🙂

Alternativas

Não precisa ser necessariamente como foi até aqui.
Existem tantas alternativas...


Sempre fui meio natureba. Durante a infância minha mãe passou por uma fase BEM natureba e isso fez toda a diferença pra mim.

Mas prefiro dizer que sou "alternativa". E, em geral, quando passo por períodos de mudanças, meu "eu alternativo" parece aflorar ainda mais e, aí já viu... Novas alternativas surgem e eu amo!

Foi assim, em busca delas, que eu fui impactada por três mulheres incríveis. Cada uma com sua história, e todas com uma missão em comum: gerar menos lixo.

A primeira delas foi a Cristal Muniz. Lendo a revista Vida Simples, num raro momento alternativo do ano passado, me deparei com esse nome, e meu interesse aumentou ao descobrir que ela era da minha cidade... Fui pro Google na hora! Fiquei chocada com o desafio dela de não produzir lixo por um ano. Daí o nome do projeto: Um Ano Sem Lixo! Vai lá conhecer! É só clicar aqui.

Foi a Cristal quem me apresentou a Lauren Singer, uma garota americana inspiradora que conseguiu colocar dentro de um pote de vidro tudo o que ela produziu de lixo em 4 anos!!! Foi um vídeo atrás do outro no YouTube. Aí eu já comecei a ficar meio indignada comigo mesma... Como que nunca tinha entrado em contato com nenhum daquele conteúdo antes! O site dela é este aqui.

A Lauren me apresentou a Bea Johnson. Meu Deus! Nesse momento já tinha virado obsessão (risos...). A Bea é uma francesa (mas vive nos EUA) mãe de dois filhos, que fez do Zero Waste (Desperdício Zero) o seu estilo de vida. Ela escreveu o livro "Zero Waste Home" que já foi traduzido em algumas línguas. Ano passado foi lançado em Portugal (Desperdício Zero). Infelizmente ainda não chegou aqui no Brasil, nem o E-book na Amazon 🙁 Em breve faço um post só sobre ele... O site dela é este.

Detalhe: Nenhuma delas me conhece, mas entraram na minha vida e me impactaram de uma forma irreparável. Tanto é que estou aqui!

Um dos motivos pelos quais decidi criar este blog é o fato de ainda encontrar muito pouco conteúdo em português sobre este assunto. Por isso, quero dedicar este espaço para trocar ideias e dicas práticas para auxiliar outras pessoas no seu dia-a-dia.

Acredito nisso!

Vamos criar alternativas onde as pessoas podem ser, ao invés de ter!

Sobre Valores

Meu consumo está de acordo com o meus valores?

Quando pensamos numa casa sem lixo automaticamente enxergamos "as coisas" que ela tem. E, num mundo capitalista e consumista como o nosso, impossível não pensar no valor dessas coisas!

Não sei você, mas em geral, eu vivo em busca do famoso BOM, BONITO e BARATO. Só que ultimamente tenho concluído que nada é de fato barato. Tudo tem um valor, não apenas monetário. Valores muitas vezes incalculáveis. Alguém plantou, outro colheu, o fulano cortou, a outra costurou... Uma mãe ficou menos tempo com seu filho, o marido longe da esposa. Alguém dormiu pouco, outro passou calor... Muita satisfação. Satisfação nenhuma. Trânsito, gasolina, estradas, poluição, litros e litros de água, doenças... Desgaste da terra, da saúde... Etc.

Cada coisa que eu consumo e, que de uma forma ou de outra, entra na minha casa, teve sua trajetória, e com certeza, um custo, portanto, tem um valor.

Será que os meus valores estão de acordo com o meu consumo?

Nunca vou esquecer, de quando passamos pela primeira vez as férias no sítio de um tio. Eu era criança, assim como meus primos que estavam lá. Um deles ficou perplexo ao ver o caseiro do sítio arrancando as laranjas da árvore e disse: "Lá na minha cidade as laranjas dão em caixa, não em árvore!"

Pacato Cidadão

As mudanças começaram a acontecer na nossa casa...

Eu sou a Nicole e decidi sair do piloto automático.

Desejo registrar aqui, de forma curta e clara, as mudanças que estão acontecendo na minha casa, após entrar em contato com pessoas incríveis que, inconformadas, decidiram questionar, pesquisar e mudar.

Basicamente, as primeiras perguntas são:

O QUE entra na minha casa? Quem fez? Quem produziu? Por quais mãos passou? Foi feito com amor ou com dor? Para o bem ou para o mal?

POR QUE entrará na minha casa? Qual objetivo? Nós realmente precisamos? Por quanto tempo será útil?

O QUE sai de dentro da minha casa? Por que sai? Para onde vai? Como vai?

Afinal, jogar fora o meu lixo, não o fará desaparecer. Ele continuará em algum lugar deste mundo...

Como disse o Skank:

"...Ô pacato cidadão, te chamei a atenção não foi à toa, não
C'est fini la utopia, mas a guerra todo dia dia a dia não
E tracei a vida inteira planos tão incríveis tramo à luz do sol
Apoiado em poesia e em tecnologia agora à luz do sol
Pra que tanta sujeira nas ruas e nos rios
Qualquer coisa que se suje tem que limpar..."