Roupa de Criança

Usar roupas com história é muito mais legal em todos os sentidos!

No início da gestação do Theo, nosso primeiro filho, fomos presenteados com uma super oportunidade de conhecer Paris. Eu estava concluindo o curso de Moda e me preparava para uma mudança radical... A viagem aconteceu no momento perfeito.

Não ficamos hospedados em Hotel, mas no apartamento de uma família francesa. Enquanto nos deliciávamos no inverno europeu, eles curtiam o verão do Brasil – foi uma “troca de casas” (assunto para outro post).

Uma das coisas que me chamou atenção no pequeno apartamento francês foram as caixas transparentes lotadas de roupinhas de criança – com etiquetas de 1 ano, 2 anos... Nossa “anfitriã à distância” havia guardado as roupas da única filha para um possível segundo bebê. Esse era um assunto novo pra mim. Deixei registrado.

Sete anos mais tarde, me deparo com “a chegada” das roupas para a Nina, nossa caçula. Desde que ela nasceu (na verdade antes de nascer), somos presenteados com as roupinhas da priminha Bruna e da amiguinha Helena! A cada troca de estação chegam até nós sapatinhos fofos e roupinhas cheirosas, cheias de histórias e carinho. Uma delícia!

Não tenho problema nenhum em ver meus filhos usando roupas usadas. Mas já vi a cara feia de algumas mães, chocadas com o fato de que sim, minha filha usa roupas que já foram de outras crianças! Sim, já comprei roupas em brechó infantil. E, sim, o planeta agradece!

Vivemos a cultura do descartável. As tendências mudam num piscar de olhos e, mais do que nunca, com a fabricação barata, não pensamos duas vezes antes de jogar as coisas fora! A cada ano produzimos 3% a mais do que no ano anterior. Resultado: crise do lixo.

Pensa comigo: Enquanto milhares de pessoas não tem acesso a água potável, para produzir uma simples camiseta são usados até 2000 litros de água. No caso da calça jeans, pode chegar a 11000 litros! Se quiser ir além, assista o documentário "The True Cost" que discute os impactos negativos da indústria têxtil no planeta (disponível no Netflix).

Não tenha dúvidas, aqui em casa somos super gratos aos parentes e amigos que nos abençoam com essas roupinhas, que depois seguem para outros guarda-roupas. Reutilizar é a nova moda.

Tabu

Falar de menstruação ainda é tabu... de copo coletor então (!) :-0

A origem da palavra tabu é muito interessante. Tudo indica que venha da expressão polinésia tapua ou tupua que significa tanto sagrado como sangue menstrual (saiba mais aqui).

Na língua portuguesa, de acordo com o dicionário informal, tabu são situações ou fatos rejeitados ou discriminados por parte da sociedade.

Quando o assunto é menstruação não tenho dúvidas de que seja tabu até hoje. Imagina falar de coletor menstrual? Tabu na certa :-0

Apesar de ser um produto atual e inovador, o coletor menstrual é parte de um movimento revolucionário iniciado em 1930, que infelizmente permanece em silêncio até hoje.

Comprei o meu no início do ano e já me arrependo de não ter feito isso antes. Pra falar a verdade, a primeira vez que vi um desses exposto numa "feirinha alternativa" fiquei chocada e não tive coragem nem de tocar! Tabuuuuu...

Porém, na minha luta por menos lixo, tive de me render a este abençoado copinho. Ele é uma bênção não somente para o meu corpo, como também para o meu bolso e, principalmente, para o planeta.

O investimento inicial foi de aproximadamente R$100,00 – contando com o frete. Dei uma pesquisada na internet e escolhi a marca HolyCup! por algumas razões: variedade de tamanhos, rigidez do produto, assim como bons relatos da marca.

Para minha total surpresa foi paixão à primeira “usada”. É prático, limpo, não produz odor e ecológico – um coletor menstrual pode durar muitos anos!

Sobre o material que é feito, de acordo com o site da marca do coletor que comprei:

“O material utilizado é elastômero termoplástico de grau hospitalar, não é nenhum tipo de silicone ou borracha. É semelhante ao usado em bicos de mamadeira e catéteres. Cada componente deste material foi testado e aprovado por órgãos competentes à segurança e saúde na Alemanha, extremamente rigorosos e confiáveis. Não possui látex, ftalato, alquilfenóis, bisfenol A, pesticida ou perfume em sua composição.” HolyCup!

Admito que no começo foi estranho, mesmo porque resolvi testar antes do ciclo começar – o que eu totalmente recomendo, a fim de evitar acidentes futuros.

Sério! Vale a pena tentar...

E não importa se você é mulher ou homem, de um fim neste Tabu!

Eletrodomésticos

Quantos eletrodomésticos temos em casa? E quando quebram, estragam... o que fazer?

De acordo com o dicionário informal, eletrodomésticos são aparelhos elétricos usados para facilitar várias tarefas domésticas, como cozinhar, conservar os alimentos, limpar a casa, a roupa, auxiliar nos cuidados de beleza e também como formas de entretenimento.

Já parou pra pensar em quantos eletrodomésticos existem na sua casa? E, claro, não poderia deixar de perguntar: Quantas tarefas domésticas realmente necessitam ser “facilitadas” por um eletrodoméstico?

De acordo com o Relatório Planeta Vivo de 2014 do Fundo Mundial para a Natureza (WWF), em apenas 40 anos, mais da metade da vida natural do planeta foi extinta (leia mais aqui).

Gostaria que houvesse, mas na verdade não tem forma mais fácil de escrever isso. Estamos pensando em qual será nosso mais novo “brinquedinho” pra “facilitar” nossa vida que já tá ficando quase que sem graça, de tão “fácil”, enquanto a natureza agoniza.

Nosso conforto é mais importante que a vida de milhares de espécies, e até mesmo que a vida dos nossos filhos, netos e bisnetos, pois se pensarmos bem, está cada dia mais difícil prever que espécie de planeta deixaremos pra eles!

Lendo o blog A Rocha International me deparei com a seguinte declaração, de um dos fundadores do Conselho para a Defesa dos Recursos Naturais (National Resources Defense Council ), Gus Speth:

“Eu costumava pensar que os principais problemas ambientais globais eram a perda de biodiversidade, o colapso dos ecossistemas e as mudanças climáticas. Eu achava que em 30 anos de boa ciência poderíamos resolver esses problemas, mas eu estava errado. Os principais problemas ambientais são apatia, ganância e egoísmo, e para lidar com estes, necessitamos de uma transformação espiritual e cultural. E nós, cientistas, não sabemos como fazer isso.”

Essa semana me distrai enquanto lavava a louça e acabei quebrando o copo do liquidificador. Fiquei MUITO chateada...

Eu gosto pra caramba do nosso liquidificador, foi escolhido a dedo e com carinho, há alguns anos. Copo de vidro, porque eu não curto plástico. O fundo tinha que sair, porque eu tenho nojinho de não conseguir limpar direito... E agora, estava quebrado 🙁

Feliz ou infelizmente usamos muito o liquidificador. Ainda não temos o “sonhado” processador (sim eu sonho com novos “brinquedinhos”), e como os industrializados são coisas cada vez mais raras aqui em casa, não tinha como ficar sem meu queridinho. Lá fui eu pro Google...

A notícia boa é que não foi necessário comprar um liquidificador novo 🙂

A notícia ruim é que sim, precisei comprar um novo copo de liquidificador e, consequentemente usar mais recursos do planeta. Além disso, vamos ter que "jogar fora" o copo quebrado. Ainda não tive coragem. Mais lixo...

Nosso Lixo

Sobre como organizamos e encaminhamos nosso lixo.

Me lembro muito bem de quando comecei a me “preocupar” com a questão do lixo, foi em 2003. Eu fazia faculdade longe da minha cidade e morava com amigas num condomínio que coletava dois “tipos” de lixo, o “sujo” e o “reciclável”. Passei a levar aquilo a sério. Chegava a cortar a haste dos cotonetes, para não ir plástico no lixo orgânico (hoje paramos de comprar cotonete – para alegria do planeta e dos otorrinolaringologistas).

De lá pra cá muitas coisas mudaram. Voltei pra Floripa, me casei, morei em outros condomínios, fiz outra faculdade, me tornei mãe... No decorrer de tantas mudanças não deixei de lado a questão do lixo. Chegamos a comprar uma lixeira super legal e cara (!) com as quatro cores para o reciclado, mas confesso que nunca procurei muita informação, simplesmente separava e higienizava o lixo “limpo”.

Tínhamos duas lixeiras: uma para o lixo da cozinha e dos banheiros (+ tudo o que não pode ser reciclado) e outra para os itens recicláveis (separados e 4 saquinhos: plástico, papel, vidro e metal). Eu me achava praticamente uma ativista do Greenpeace (doce ilusão)!

Lendo o livro Zero Waste Home, da francesa Bea Johnson, aprendi que aquilo não bastava. Além de toda a questão do consumo consciente (descritas em posts anteriores), é muito importante buscar informação.

Você sabe o que é de fato reciclado na sua cidade? Já parou pra pensar que nem todos os itens separados na sua casa e encaminhados para a Coleta Seletiva são reciclados?

Inspirada por essa guru do Desperdício Zero recorri mais uma vez ao Google. Ali encontrei o site da prefeitura da nossa cidade e, surpreendentemente, também muitas instruções valiosas sobre como funciona a coleta por aqui.

Aprendi que estávamos separando o lixo de forma errada. Juntávamos resíduo orgânico (cascas de frutas, restos de alimentos) com os “rejeitos” (papel higiênico, absorventes, fraldas descartáveis, lenço de papel, etc.).

Mesmo que você não consiga fazer a compostagem dos orgânicos e envie tudo para o “lixão”, é preciso considerar que alguém colocará as mãos no seu lixo (infelizmente existem famílias que vivem do que coletam nos lixões) e, se os resíduos já estiverem separados, você facilitará este trabalho.

O mesmo serve para os RECICLADOS. Não deixe de separar! Mesmo que não haja coleta onde você mora.

Então, basicamente, hoje temos 6 lixeiras em casa:

  • LIXEIRA BRANCA (30ml) – Para o lixo reciclável. Nosso objetivo é que ela seja raramente usada. Antes enviávamos um saco cheio duas vezes por semana. Conseguimos diminuir pra uma vez na semana. Quem sabe um dia, será uma vez no ano!
  • LIXEIRA CINZA (30ml) – Para os rejeitos. Papel higiênico + fraldas (infelizmente usamos descartáveis) + pó, sujeira da casa + restos de cabelo + unhas cortadas + lenços umedecidos (ainda não foi possível exterminá-los da nossa vida). Costumávamos encher 3 sacos por semana. Diminuímos para 2.
  • LIXEIRA MARROM – Para o lixo orgânico. Pelo menos 2 vezes por semana levamos para compostagem. Ele nunca chega a encher. Nos esforçamos para desperdiçar o mínimo. Não usamos saco plástico nela.
  • LIXEIRA DA COZINHA (10ml): Aquela pequena que fica na pia. Eliminamos o saquinho plástico dela. Quando enche esvaziamos na LIXEIRA MARROM e lavamos.
  • LIXEIRA DO BANHEIRO (2): Também eliminamos o saco plástico delas. Quando ficam cheias esvaziamos na LIXEIRA CINZA e lavamos (eca!).

É isso!

Se você ainda não procurou informações sobre a coleta de lixo na sua cidade, gostaria de incentivá-lo a fazer isso o quanto antes (para moradores de Florianópolis, saiba mais aqui).

Por um planeta com menos lixo 😉

O Lixo é Meu

Essa mania que temos de terceirizar tudo não tem funcionado nada bem quando o assunto é o nosso lixo.

Vivemos a era da “terceirização”. Em poucas palavras, após uma rápida pesquisa no Google, poderia descrever este “fenômeno” como o processo onde uma instituição contrata outra para prestar determinado serviço.

Num sistema capitalista como o que vivemos, essa prática foi amplamente difundida em todo o planeta. No Brasil, pelo menos 25% da mão de obra empregada é terceirizada.

Pensando de uma forma ainda mais ampla, olhando para o dia a dia, é simples identificar a facilidade com que costumamos “terceirizar”. Terceirizamos a educação dos nossos filhos, como se a escola fosse a única responsável por isso. Terceirizamos o serviço da casa. Terceirizamos nossa cozinha. Comemos cada vez mais na rua ou pagamos alguém para cozinhar para nós.

No auge da minha insana rotina, nestes últimos anos, eu raramente olhava nossa dispensa, ou geladeira. Simplesmente pegava a lista de compras que a Luzia (nosso braço direito aqui de casa) deixava e fazia as compras. Consegui terceirizar até mesmo nossa lista de compras!

Quando o assunto é lixo não é nada diferente. Pensa numa pessoa fresca: sou eu! Assim que mudamos para o apartamento onde moramos hoje, fiquei muito brava ao saber que só poderíamos descer o lixo nos dias de coleta. Como assim? Eu não admitia ficar com nenhum saquinho de lixo em casa... Como se ao colocá-lo na rua, este problema não fosse mais meu (!).

Sim, eu já fui assim.

Pensando sobre isso, não me lembro de ter ouvido alguém me ensinar: “Olha, todo o lixo que você produzir é responsabilidade sua. O fato de passa-lo pra frente não significa que ele desapareceu, e nem que desaparecerá!”

Tenho 37 anos, e quero crer que as coisas mudaram. Espero sinceramente que as gerações que vieram depois da minha tenham recebido um ensino mais consciente. Mas, eu não recebi. Não culpo ninguém. Esta é apenas uma constatação, que não me traz revolta, pelo contrário, me move para mudança, a fazer diferente, a ser diferente.

Não posso mais fingir que não estou vendo. Tudo o que consumo, na rua ou que trago para dentro de casa (tudo mesmo!) passa a ser minha responsabilidade, é meu. E seria no mínimo ético cuidar muito bem dessas coisas, me responsabilizando desde o seu uso até seu destino final.

É claro que seria perfeito se as empresas que produzem tudo o que usamos, compramos, nos dessem as mãos, fazendo valer a lei de logistica reversa (néam?!).

Os números são alarmantes (leia mais aqui). A geração de lixo no Brasil aumentou 29% de 2003 a 2014, o equivalente a cinco vezes a taxa de crescimento populacional no período, que foi de 6%.

Infelizmente, a quantidade de resíduos com destinação adequada não acompanhou o crescimento da geração de lixo.

Algo precisa acontecer e, não tenho dúvidas, começa comigo.

Sabonete Líquido

E se pudéssemos encher o pote de sabonete líquido na farmácia do bairro - levando nossa própria embalagem?

Os diálogos continuam. Todos os dias surgem questões, situações que demandam decisões bem práticas para que a vida siga leve, simples e “limpa” aqui em casa.

Estamos acostumados a usar sabonete líquido para lavar as mãos na pia do banheiro. Semana passada ele acabou. E, mais uma vez: E AGORA?

Eis o problema: Mesmo que a gente compre o refil e reutilize o mesmo recipiente do sabonete, teríamos que descartar mais uma embalagem plástica... (a do refil)

Essa não é a ideia. Pensei então em colocar um sabonete em barra. No final do ano encontrei algumas boas opções (pensando nos ingredientes e na embalagem) que já estamos usando no banho, inclusive no rosto! Mas ainda assim, para facilitar com as crianças, preferia o líquido.

Lá fui eu de novo, colocar a vergonha de lado, e perguntar... Dessa vez para o dono da farmácia onde manipulamos nossas “vitaminas”. Eles são super gentis... “Não custa nada”, pensei eu. Na pior das hipóteses ouviria um redondo não.

Respirei fundo e perguntei: “E aí? Vocês manipulam sabonete líquido, né? (Sim!) Então, eu tô num “projeto” novo, tentando produzir menos lixo... Será que se eu trouxesse o meu potinho vocês preencheriam com o sabonete pra mim?”

Primeiro eles me mostraram as opções de refil. Mas expliquei que eu realmente gostaria de evitar o plástico... “É você tem razão”, eles disseram. PRONTO! Mais uma questão resolvida...

Entreguei meu “potinho” e, além de ficar mais em conta do que as opções industrializadas de refil, nosso sabonete ficou mais “limpo”. Tive a opção de não colocar o corante na fórmula (que deixa visualmente mais “bonitinho”, mas não necessariamente mais saudável – os alérgicos que o digam), além de poder escolher o cheirinho...

Simples assim!

Agora é a sua vez...

Por uma casa sem lixo.

Melado

O diálogo é geralmente uma ótima via quando se deseja gerar menos lixo.

Não sou nutricionista, e o objetivo deste post não é falar necessariamente sobre as propriedades do melado. Mas, um dos benefícios concretos nesta busca por uma vida com menos lixo tem sido a nossa saúde. Estamos experimentando alimentos diferentes e já podemos sentir uma mudança de paladar aqui em casa.

Sou uma formiga de plantão. Se não vigiar, consumo menos salgado para poder comer mais doce. Não tenho orgulho nenhum em escrever isso, principalmente ao descobrir sobre o poder viciante do açúcar! Somos uma sociedade completamente dependente desta substância. Nos EUA, especialistas a tratam com o mesmo rigor que o tabaco. É realmente assustador.

Sendo assim, permanecemos em busca de novas alternativas para a família. Até ano passado consumíamos o açúcar demerara. Quando terminou decidi comprar somente o mascavo, além do melado que era usado mais no pão ou panquecas – hoje uso em receitas de bolo, cookies, mousse de maracujá (vegano), etc.

O açúcar mascavo compro à granel, lixo zero!

E o melado?

Ah, o melado vinha sempre embalado com plástico. E agora?

Fiquei muito feliz quando encontrei uma boa opção de melado (sempre leia o rótulo!) embalado numa garrafa de vidro, no mercadinho onde compro as frutas e as verduras aqui no bairro.

Não satisfeita com a minha felicidade, achei que era um desperdício jogar aquele vidro bonito na lixeira de reciclados... Então perguntei para o “Seu Zé” (dono do mercadinho, um cara cheio de boa vontade e super prestativo) se ele conhecia o produtor do melado e, se esse produtor tinha interesse em reutilizar o vidro... PRONTO!

Agora consumimos nosso querido melado com a consciência mais leve. É só levar o vidro de volta para o Mercado do Seu Zé que, ele devolve para o produtor que, o recebe com alegria!

Vale a pena repensar, questionar hábitos e dialogar.

Termino com uma breve descrição deste alimento nutritivo que traz tantos benefícios à saúde e deve ser consumido com moderação.

Melado é a forma líquida extraída direto da cana de açúcar. Diferente do açúcar branco, ele conserva todos os nutrientes da cana como cálcio, ferro, cobre, potássio, fósforo, zinco.

Por uma casa sem lixo.

De Theo – Para Clara

O aniversário da amiga chegou. Qual presente vamos dar a ela? Que tal uma "experiência"?

As mudanças e os desafios continuam por aqui. Semana passada nosso filho foi convidado para a festa de aniversário de uma amiguinha. Ele estava super empolgado para ir, e eu fui pensar no presentinho que poderíamos comprar para a aniversariante.

Como as coisas realmente estão diferentes em nossa casa, fiquei um pouco incomodada com o fato de “ter” que comprar mais uma “coisa” para alguém.

É importante destacar que eu AMO dar presentes, e receber também (ai ai...). MAS, os tempos mudaram e percebi que estava diante de uma oportunidade para usar a criatividade e buscar novas alternativas.

A Clara é uma menina que tem “tudo”: família linda e amorosa, roupas fofas, muitos brinquedos, amiguinhos, etc... Qual presente especial poderíamos oferece-la que não fosse logo parar numa caixa qualquer, ou dentro de uma gaveta esquecido e, quem sabe até no lixo?

A ideia veio... Chamei meu filho e perguntei: “Theo, andei pensando no presente que poderíamos dar pra Clara. O que você acha, de no lugar de uma “coisa”, como tantas que ela já tem, nós oferecêssemos uma experiência? Uma tarde legal com brincadeiras, lanchinho e até um cinema?”

Os olhos dele brilharam! Amou a ideia: “— Legaaal! Até eu queria ganhar um presente assim, mãe!”

O dia do aniversário chegou. Preparamos um cartão onde descrevemos o presente que gostaríamos de dar para a aniversariante. O convite foi feito... Para nossa alegria, a Clara também gostou da ideia e se sentiu especial... Comentou com sua mãe: “Nossa! É a primeira vez que eu ganho um presente assim!”

Segunda-feira foi o dia de “experimentar” do presente... Uma tarde deliciosa!

Como disse Bea Johnson no livro "Zero Waste Home: The Ultimate Guide to Simplifying Your Life by Reducing Your Waste": Ensine seus filhos a cuidar do meio-ambiente e a conservar seus recursos;  ensine-os a viver de forma simples e a prosperar dentro de uma vida rica em experiências ao invés de uma cheia de “coisas”.

Queria taaanto…

O problema da publicidade direcionada para as crianças. O que fazer?

Uma das grandes responsáveis pela futura produção de lixo na sua e na minha casa é a mídia. Escolhi introduzir este assunto desconfortável começando pela parte mais fraca da casa, as crianças.

Você conhece o conteúdo que os seus filhos estão recebendo através das mídias (e redes sociais)?

Aqui em casa percebemos que quando o Theo, nosso filho mais velho, assistia os canais à cabo de programação infantil ele vivia exposto a um mundo de ofertas e propagandas muito envolventes. Ouvíamos mais de uma vez ao dia: “Pai, mãe, eu queria tanto...”

Isso sempre me incomodou! Meu filho não tinha e ainda não tem a menor condição de assimilar todas aquelas informações. Não foi à toa que, (antes tarde do que nunca!) em abril de 2014, o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente considerou abusiva toda publicidade direcionada à crianças.

De acordo com o Código de Defesa do Consumidor (art. 37) é abusiva, entre outras, “a publicidade que se aproveite da deficiência de julgamento e de experiência da criança ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à saúde”. Saiba mais aqui.

Anos antes, em 2008, Estela Renner, denunciou aquilo que muitos faziam vistas grossas, através do documentário “Criança, a alma do negócio”, trazendo a reflexão sobre como as mídias impactam na formação de crianças e adolescentes.

Você sabia que apenas 30 segundos são necessários para uma propaganda influenciar uma criança? Essa informação é ainda mais assustadora quando pensamos que grande parte das crianças ficam horas na frente da TV! Vale a pena assistir o documentário produzido pela Maria Farinha Filmes, que está disponível no Youtube - só clicar AQUI!

As crianças de hoje tem preferido comprar a brincar!

PARA TUDO! Tem alguma coisa muito errada.

Nossa família se esforça para se livrar desse tipo de lixo também. Aqui em casa definimos um limite máximo de 2 horas por dia de eletrônicos (TV, Internet, Celular...). Na TV preferimos os DVDs e o Netflix (supervisionado, claro) pelo simples fato de não terem propaganda. Celular e Tablet eles não usam, apenas na casa dos avós.

Os “Queria tanto...” que ouvimos agora, em geral, têm a ver com os brinquedos que os amigos tem. E aí surgem as oportunidades para muitas conversas, ensino e inclusão dos pequenos nesta nova, longa e desafiadora jornada.

Além disso, gostamos muito dos jogos de mesa, dos brinquedos de montar, quebra-cabeças... Envolvem toda a família, são ideais para nos conhecermos melhor, olharmos uns nos olhos do outro, ensinar a resolver conflitos e, a brincar... Afinal, a criança não quer o brinquedo, ela quer mesmo é a brincadeira!